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A Revolução dos Cravos, a revolta pacífica contra a ditadura

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No dia 25 de abril de 1974, Portugal viveu um acontecimento histórico que viria a pôr fim a quase meio século de ditadura. Nesse dia, uma revolta militar pacífica derrubou o regime do Estado Novo, que estava no poder desde 1926. Sob a liderança de Marcelo Caetano, o regime autoritário parecia imune a qualquer tipo de mudança, mas uma série de acontecimentos inesperados e o descontentamento generalizado abriram as portas à Revolução dos Cravos.

 

O contexto da ditadura e a agitação social

Desde a instauração do Estado Novo, Portugal viveu sob o regime autoritário de António de Oliveira Salazar, que governou com mão-de-ferro até 1968, altura em que problemas de saúde o obrigaram a entregar o poder a Marcelo Caetano. No entanto, apesar de Caetano ter prometido algumas reformas, tudo permaneceu completamente inalterado.

O país encontrava-se numa profunda crise económica e social, agravada pelas dispendiosas guerras coloniais em África. Estas guerras não só eram um enorme sorvedouro financeiro, como também obrigavam milhares de jovens portugueses a alistarem-se num conflito impopular, aumentando o descontentamento da sociedade.

À medida que as tensões aumentavam, um grupo de oficiais do exército, conhecido como Movimento das Forças Armadas (MFA), começou a organizar-se em segredo com o objetivo de derrubar o regime.

 

O sinal da liberdade: “Grândola, Vila Morena”

A madrugada de 25 de abril começou com um sinal que iria mudar a história de Portugal. Às 12h20, a música “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, foi tocada na Rádio Renascença. Esta música tinha sido censurada pela ditadura, mas tinha sido previamente combinado que seria o sinal para o início da revolta. A canção, que falava de fraternidade e justiça social, ressoou como um hino de liberdade.

 

O gesto simbólico do cravo na arma

O que poderia ter sido uma revolta violenta transformou-se num ato simbólico de resistência pacífica. Nas primeiras horas da manhã, um soldado cruzou-se com uma mulher que transportava um ramo de cravos vermelhos. Num gesto espontâneo, o soldado colocou uma flor na ponta da sua espingarda, marcando o início de um momento histórico. Este ato de desobediência pacífica foi rapidamente imitado por outros soldados e as espingardas dos soldados encheram-se de flores.

O cravo tornou-se assim o símbolo de uma revolução sem sangue, provando que a mudança nem sempre requer violência.

 

A queda da ditadura e o caminho para a democracia

Ao longo do dia, os militares tomaram o controlo de pontos-chave do país. Caetano rendeu-se sem resistência. A revolução fez-se com uma rapidez espantosa e, no final do dia, o regime do Estado Novo já não existia.

Em 1975, Portugal realizou as suas primeiras eleições livres, que levaram à criação de uma constituição democrática. O ciclo colonial português terminou também. Nos meses seguintes, as antigas colónias africanas, como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, tornaram-se independentes.

Esta foi uma revolução de grande importância a nível internacional, pois teve um efeito dominó noutras ditaduras, como a de Espanha. A transição pacífica para a democracia que se seguiu à morte de Francisco Franco em 1975 foi influenciada pelos acontecimentos em Portugal. De facto, ao ver a transição no país vizinho, tanto o governo como a oposição espanhóis viram a possibilidade de uma transformação semelhante sem recorrer à violência.

 

Um legado de paz e liberdade

Assim, o 25 de abril é uma das datas mais significativas do calendário português, o Dia da Liberdade. Neste dia, realizam-se em Portugal desfiles, eventos oficiais, concertos e uma grande variedade de actividades culturais. Em Lisboa, por exemplo, o desfile mais especial é o da Avenida da Liberdade, onde todos os anos milhares de pessoas desfilam com cravos vermelhos.

A flor vermelha, colocada nas espingardas dos soldados nesse dia, continua a representar a luta pela democracia e pela paz. Em suma, um dia repleto de ambiente festivo e de memória histórica do país.

 

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